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Pensar apenas no salário e nos benefícios ao mudar de emprego é um erro?
Tão ou mais importante do que um salário melhor e mais benefícios, na hora de avaliar uma proposta de trabalho é importante ponderar como a decisão de aceitá-la ou não vai repercutir na sua carreira. Mesmo que o novo ambiente profissional pareça mais interessante e promissor, alguns pontos devem ser bem pensados para que não haja arrependimento. Para ajudar a refletir sobre a decisão, veja questões que consultores de carreira elaboraram para você se fazer.
- Pensar apenas no salário e nos benefícios ao mudar de emprego é um erro?
1. Qual empresa me oferece maior chance de crescimento?
É fundamental obter informações sobre a cultura e a política de planos de carreira de ambas as empresas: a atual e a pretendida. E se você estiver considerando o novo emprego como algo para longo prazo, também vale a pena checar todas as possibilidades de desenvolvimento profissional e pessoal. Exemplos: acesso a cursos, palestras, coaching, viagens etc. "Também é sempre bom saber se você poderá fazer uso dos seus talentos, afinal, esse é um dos fatores de maior motivação em qualquer área", diz Madalena Feliciano, diretora do Instituto Profissional de Coaching e diretora geral da consultoria Outliers Careers, ambos de São Paulo (SP).
2. Será que o novo emprego está alinhado com os meus valores pessoais?
Segundo Madalena Feliciano, um dos segredos de uma carreira promissora é acreditar naquilo que faz –e, para isso, você deve concordar com os valores passados pela empresa. "Às vezes, é necessário trabalhar em qualquer lugar por um curto prazo por razões econômicas, mas se essa não é uma opção temporária, certifique-se que há um alinhamento com seus valores pessoais. Uma incompatibilidade pode acabar com sua integridade pessoal, e nada compensa isso, independentemente da quantia do dinheiro", afirma a consultora.
Na opinião de Tali Alkalay Brenman, fundadora da Etz Coaching e Orientação de Carreira, de São Paulo (SP), esse é um dos pontos cruciais a se considerar em um momento de mudança. "Conheço muito profissionais que não fizeram essa investigação antes de entrar na empresa e depois de um tempo sentiram-se decepcionados. Por isso, nesse estágio da análise, sugiro buscar contatos e referências da empresa de interesse, pois só quem conhece bem o seu dia a dia pode trazer uma visão mais realista", afirma Tali.
3. Por que quero trocar de emprego?
Segundo Dirlene Costa, consultora de carreiras e negócios da empresa de consultoria High Performance, do Rio de Janeiro (RJ), poucos profissionais se perguntam qual o motivo real da troca de emprego –as razões nem sempre têm a ver com salário ou chefia. "Por não fazerem essa pergunta, muitos saem e depois se arrependem. Não porque a empresa escolhida é ruim, mas porque a insatisfação era com a própria pessoa", diz.
Por isso, antes de tomar uma decisão de troca, faça a si mesmo essa questão e a responda com sinceridade. Talvez você descubra que está apenas vivenciando um período de muito cansaço e estresse –e tirar férias para pensar melhor pode ser uma boa ideia. Ainda de acordo com Dirlene, nesse processo de autoanálise também é essencial questionar se o mesmo tipo de insatisfação já ocorreu em empregos anteriores.
"A insatisfação é um fator interno. Pessoas numa mesma empresa podem ter visões, percepções e sentimentos diferentes sobre ela. O mais importante é avaliar se há um padrão de repetição nessa insatisfação. Tudo aquilo que se repete torna-se um padrão. E, no caso, trocar de emprego não vai trazer felicidade e satisfação enquanto a pessoa não identificar, tratar e resolver o que a incomoda de fato", explica a consultora.
4. Já esgotei todas as possibilidades internas?
Para Rosa Perrella, consultora em gestão de pessoas, especialista em desenvolvimento de lideranças e equipes e professora da IBE-FGV (Institute Business Education – Fundação Getulio Vargas), não é nem um pouco recomendável pedir demissão sem verificar as alternativas dentro da própria organização.
"Às vezes, o profissional está apenas cansado das atividades desenvolvidas na função e se sente desmotivado. Aconselho tentar averiguar se existem outras oportunidades na empresa onde ele já está integrado e conhece bem hierarquia, missão e valores. Quem sabe há a chance de desenvolver um novo trabalho com mais eficácia a curto prazo?", sugere Rosa.
5. Qual o ganho da mudança?
Toda escolha tem perdas e danos e para tomar a melhor decisão faça uma lista dos ganhos em cada empresa, a atual e a que pretende ir. "Conheço casos de pessoas que avaliaram apenas o salário, mas não pesaram os benefícios ou o clima organizacional e depois se arrependeram. Coloque tudo na balança para tomar a melhor decisão, não só os ganhos financeiros. Pense no resultado da mudança no curto, médio e longo prazo", conta a consultora Dirlene Costa.
"Quando avaliamos todos os aspectos de qualquer processo de mudança temos uma oportunidade de visualizarmos com mais clareza os caminhos que virão pela frente. Escolhas nos remetem a abrir mão de algo, e aí está a perda que deve ser considerada", completa Tali, da Etz Coaching e Orientação de Carreira.
6. Minha qualidade de vida será sacrificada?
Lembre-se: sua vida não se resume apenas ao trabalho. Embora ocupe boa parte do seu tempo, ele não deve pautar sua existência. Para Regiane Machado Gomes, psicóloga e analista de recursos humanos de São Paulo (SP), ter valores e necessidades claros ajuda a identificar se você quer ou não abrir mão da qualidade de vida em prol de um novo emprego. "Alguns pontos que você deve pensar com cuidado são carga horária, necessidade ou não de horas extras e disponibilidade de tempo que terá para dar à família, aos amigos e a si mesmo", afirma.
"Quem vive com um parceiro e/ou tem filhos precisa considerar como o trabalho irá impactar a rotina deles também", orienta Madalena Feliciano. Assim, considere fatores como distância para chegar à empresa, tempo no transporte, pressão e prazos para execução de tarefas.
7. Onde quero chegar?
Qualquer profissional precisa estar ciente de onde quer chegar. "Na maioria das vezes, as pessoas mudam de emprego para resolver problemas momentâneos de relacionamento, horários ou salários, não para um desenvolvimento de carreira. O planejamento a longo prazo é fundamental para avaliações pessoais e objetivos de vida, até para que mais adiante seja possível medir as evoluções", fala Giovani Falcão, gestor de carreiras e projetos da empresa de recrutamento Top Quality, do Rio de Janeiro (RJ).
Para Tali Alkalay Brenman, da Etz Coaching e Orientação de Carreira, ao se perguntar quais são os objetivos profissionais, vale refletir e elencar o que você realmente considera importante na carreira, o que valoriza no ambiente profissional e quais são suas pretensões .
"Para algumas pessoas pode ser a oportunidade de gerir, para outras pode ser importante o crescimento rápido, e ainda há aqueles que vão valorizar a autonomia e a criatividade. Essas questões poderão mostrar aquilo que realmente importa no momento de mudança. Se você não conseguir enxergar em seu atual emprego as oportunidades de colocar em prática aquilo que você deseja, talvez seja o momento de buscar essas respostas em outro emprego", diz.
"Para algumas pessoas pode ser a oportunidade de gerir, para outras pode ser importante o crescimento rápido, e ainda há aqueles que vão valorizar a autonomia e a criatividade. Essas questões poderão mostrar aquilo que realmente importa no momento de mudança. Se você não conseguir enxergar em seu atual emprego as oportunidades de colocar em prática aquilo que você deseja, talvez seja o momento de buscar essas respostas em outro emprego", diz.
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